segunda-feira, 30 de junho de 2008

24

Quando eu tinha uns 7 anos de idade, eu e minhas amiguinhas do prédio da minha avó tínhamos uma brincadeira de "futurologia". Num papel, desenhávamos um quadrado, e dentro dele escrevíamos a idade com que queríamos nos casar. Então, ao redor do quadrado, em cada um dos lados, escrevíamos, respectivamente, 3 nomes de meninos que conhecíamos, 3 modelos de carro, 3 lugares no mundo, e 3 situações de vida (que normalmente eram classe média, rica e milionária, já que ninguém queria descer de onde já estava, e eu freqüentei colégio e vizinhança de classe média-alta desde sempre).

A brincadeira consistia em, começando do primeiro nome de menino, ir pulando por cada uma das opções, contando em voz alta até alcançar o número dentro do quadrado. Então, a opção em que parávamos era riscada, e começávamos da seguinte, contando de novo, até só sobrar uma opção de cada tipo (um menino, um carro, um lugar, uma situação), que era caprichosamente circulada com caneta colorida. No final, ali estava a nossa vida futura: a idade com que iríamos nos casar, o noivo, o lugar da lua-de-mel, a situação de vida, e até mesmo o carro que teríamos.

A idade que eu costumava escrever dentro do quadrado, e disso eu me lembrei esses dias, era exatamente a que tenho hoje: 24.

Isso era mais que o triplo da idade que eu então tinha. Eu esperava, aos 24 anos, já ter tudo o que pensava ser importante nessa vida, já estar encaminhada, emparelhada, e rumo a uma felicidade sem fim. Considerava que, aos 24 anos, minha vida já seria plena de certezas, e de escolhas bem-feitas. Parecia um futuro tão remoto, que eu pensava que qualquer coisa poderia acontecer no meio tempo, mas com certeza, aos 24, já estaria tudo resolvido.

Hoje, tenho tudo, menos certezas. Tudo, menos escolhas bem-feitas. Cheguei a pensar em casamento, mas felizmente, desisti (ou a vida desistiu por mim, o que de qualquer forma foi a melhor opção possível), e por enquanto, ainda é tudo novo demais. Não tenho dinheiro para comprar meu próprio carro, e o carro que meu pai me deu não é o que eu teria escolhido. Ainda moro na casa da minha mãe, e não tenho perspectivas de sair de lá tão cedo. E definitivamente não tenho condições de viajar para Bali.

Fico sentindo que decepcionei aquela menina cheia de sonhos, porque cheguei aos 24 anos muito distante do que ela achava tão fácil conquistar. O mundo era dela, porque ela podia sonhá-lo, e fui eu quem despertou do sonho com um gosto amargo na boca, uma ressaca inesperada pelo que não bebi.

Quando estive nos EUA com meu pai, em 2005, ele me deu de presente uma escultura de leão em resina. Disse que era para enfeitar meu futuro escritório. O leão continua guardado dentro da caixa, porque não há escritório nenhum, não há sala nenhuma, tenho apenas uma bancada pequena numa sala compartilhada em escritório alheio, trabalhando todo dia porque não consigo sair do lugar, fingindo que estudo, fingindo que escolho, fingindo que a vida segue - mas ela está parada.

No fundo de mim, aquela menininha de 8 anos continua sonhando, mas ela não sabe que a realidade é louca, que a vida assusta, e que aos 24 anos há incertezas demais.

Acaba, junho...

Mais uma: não vou poder ir a São Paulo em julho, como já vinha planejando há alguns meses. Meu pai não vai me mandar grana esse mês, o que significa que eu não tenho nem como pagar as passagens, que dirá arcar com as despesas lá, que são altas mesmo ficando em casa de amigas.

Alguém poderia ter me avisado que o inferno astral não coincide necessariamente com o mês do aniversário. Aliás, eu ando chegando à conclusão de que deveria acreditar mais em astrologia. O meu horóscopo de junho do Astrology Zone (para quem gosta, é um dos melhores que eu conheço) já tinha me avisado:

"Payments and checks due you that always came in like clockwork may now be
delayed or lost, so keep a sharp eye on all your accounts receivables.

(...)

As you see, there will be a huge financial emphasis to June, and with this, at some point, a large expense may suddenly arise that you have to handle. This outlay seems related to a social event - a friend's wedding perhaps. Whatever this event may be, there's a strong likelihood that you'll need to travel to attend. (Still, the event looks like fun, so you may not be too concerned about the outlay of cash.) "
(Eu fui madrinha de um casamento em João Monlevade, e tive que gastar uma grana legal com presente, salão, e afins... Mas a festa foi ótima!)

Hoje já é dia 30, felizmente. Espero que julho não me reserve grandes surpresas.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amaro

Junho continua difícil. Continua um mês, assim, meio de sombras.

O que me dói, sempre, é encontrar um fundo amargo nos momentos de alegria. É encontrar uma ponta de dor e culpa no prazer, naquilo que supostamente deveria ser sentido sem medo.

Talvez tenha sido sempre assim, como uma herança de família: não ter direito ao prazer, não ter direito ao gozo puro e simples das boas ofertas da vida. Por trás de cada alegria, uma sensação de dever que deveria estar sendo cumprido, de responsabilidade renegada, de culpa.

A tal, transmitida ao longo das gerações. Culpa existencial. Culpa por simplesmente ser, por simplesmente ter tido a sorte de nascer com facilidades mil, culpa por ter sorte na vida, culpa por poder fruir, culpa por sequer pensar em fazê-lo. Culpa que nem os anos de psicanálise conseguiram aplacar, e nem os anos de vida, tampouco.

Por trás dela, há um ganho. Um ganho neurótico e intangível, mas que a perpetua.

Preciso me livrar desses entraves. É esse ganho da culpa que piora minha procrastinação, que alimenta a minha inércia, que me mantém num estado de suspensão e ansiedade. É esse gosto amargo, que não passa.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Memória afetiva

Hoje me lembrei de um quadrinho antigo, na sala de um professor de religião no saudoso Colégio Loyola. Era um quadrinho com um texto que eu lia e relia toda vez que entrava naquela sala (o professor em questão, Eduardo Machado, era e ainda é um grande amigo para mim), e que de vez em quando aparece na minha cabeça.

Procurando pela internet, encontrei o site do autor, Geraldo Eustáquio de Souza. Fiquei meio decepcionada, porque é um baita site de auto-ajuda. Então, preferi ignorar esse fato, não li mais nada no site para não mudar a minha memória, copiei o texto e coloquei aqui:

A Jornada
(Geraldo Eustáquio de Souza)

Às vezes bate uma idéia de desistir.
Então a gente pára, põe o sonho de lado
e fica por aí pensando e sofrendo.

Mas não é por muito tempo não.
Qualquer coisa da estrada
passarinho flor montanha nuvem
o menino que nos acenou sorrindo
esperança à toa que seja vira roteiro de viagem.

Precisa ver os olhos brilhando com que partimos
mochila nas costas, cantando o sol e a sede
prazer e cansaço de quem caminha sempre em frente
em direção de algo mais além de nós mesmos
de nossos desejos, medos e frustrações

porque é para lá que estamos indo
- é só para lá que sabemos ir

passos de uma caminhada
que nenhum de nós sabe quando começou
nem quando terminará.

Eu sei, não é um brilhantismo literário, mas é memória afetiva, e me consolou em outros momentos. Agora, quando vem batendo forte a tal da idéia de desistir, e de colocar o sonho de lado, talvez seja bem de algo assim que eu precise: qualquer coisa da estrada que vire roteiro de viagem.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Humores

Em geral se fala sobre o humor de um jeito maniqueísta: há o bom e o mau humor.

Bom humor é aquele de quem acorda sorrindo, faz um café e se entusiasma com o cheiro que invade a casa, dá bom-dia para todos os que cruzam seu caminho, dirige ouvindo alguma música ótima e cantarolando enquanto ignora o trânsito, e se mantém assim, sorridente, ao longo de todo o dia.

Mau humor é o de quem tem a nuvem cinza em cima da cabeça, acorda resmungando, reclama que o café está frio, xinga todos os outros motoristas na hora do rush, responde rispidamente quem ousa dirigir-lhe a palavra, e, em geral, vive insatisfeito e de cara fechada.

A conclusão óbvia é que esses dois extremos não existem, o que me faz pensar que talvez não devesse também haver a divisão entre bom e mau humor. Porque o humor da média dos seres humanos não é assim tão preto no branco, e está mais em alguma das matizes de cinza.

Há dias em que se acorda desanimado, apesar do céu azul e do sol, mas um banho levanta a moral, e o trânsito não está ruim, mas também não está bom. Toca uma música boa de cantar no rádio, depois só algumas completamente indiferentes, e aí toca aquela de fazer chorar sempre. Bom-dia para a vizinha que sempre está de cara boa, e nada para o vizinho de quem nem se sabe o nome. E uma certa sobrancelha franzida para o que costuma deixar a música alta até tarde nas quintas-feiras. Um sorriso para um telefonema muito esperado, uma careta para um problema de última hora.

A vida em geral segue assim, e fica difícil dizer se o que se sente é bom ou mau humor. Talvez fosse melhor classificar o humor em cores, embora já se pressinta que haveria alguma dificuldade masculina com o humor cor-de-rosa, que possivelmente se tornaria o favorito de certa classe de donzelas. Ou ainda, classificar o humor como se classifica o tempo: nublado com pancadas de chuva, céu claro com poucas nuvens, tempestade. Ou qualquer outra classificação que permitisse demonstrar toda a gama de humores, e sua altíssima variabilidade no tempo.

E tudo isso só pra dizer que hoje, contrariando o inverno que se aproxima, o dia foi quente e de sol, sem nuvens, e que por mais que eu goste de frio e chuva, devo admitir que correspondeu bastante bem ao meu humor...


terça-feira, 17 de junho de 2008

Pilha de palavras

Em abstrato, entendo.
Concretamente,
antiteoricamente,
tododiamente,
ignoro.
Escrevo as verdades
para não esquecer
e esqueço as palavras
desaprendo a ler
para não lembrar.
Não, não sou abstrata.
Talvez por isso
permaneça.
O cotidiano me corrói,
lentamente,
nos cantos agudos
da incompreensão.
E as camadas se acomodam,
a gordura se acomoda,
a mediocridade se acomoda,
tudo empilhado,
sem abstração.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O post do Dia dos Namorados

Trilha sonora adequada:


Datas marcadas no calendário são sempre fruto de controvérsia. Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia da Criança, ou, como hoje, o tal Dia dos Namorados.

Os adeptos fervorosos compram presentes com semanas de antecedência, reservam restaurante, e fazem figa pra não ter uma fila muito grande no motel. Os presentes podem incluir bichos de pelúcia, anéis de compromisso, perfumes, um CD com as músicas do casal, um lindo cartão com corações vermelhos.

Jantar romântico à luz de velas...

Dentre os adeptos, há também aqueles que se descabelam por estarem solteiros. Ou melhor, solteiras, porque em geral são as mulheres que se preocupam. E aí, fogem da televisão para não ver comerciais, ou vão a alguma das inúmeras "festas de solteiros" que ocorrem nessa data.

E há os opositores. Aqueles que bradam que é só mais uma data comercial, que tudo é pretexto para o comércio ganhar mais dinheiro, que não há sentido em comemorar algo que é externamente imposto, e que o amor deve ser celebrado todos os dias, não só naquele que se convenciona.

Os argumentos de oposição são bons, mas a pressão para se enquadrar também é. O que fazer?

Para mim, apenas não se prender. Não se prender à convenção, nem à anti-convenção. Atender ao desejo, apenas ao que se quer. Você tem namorado, mas não está a fim de encarar a calcinha de rendinha e a fila do motel? Acabou de começar a namorar (cof, cof, cof), e quer mais é aproveitar todos os pretextos para mimos e declaraçõe? Está solteiro, e acha que isso tudo é uma babaquice, ou ainda, que não é babaquice, mas enfim... ?

A data comemorativa é só uma oportunidade. Mais uma oportunidade para dizer que ama. Mais uma oportunidade para tratar o outro bem, para fazê-lo sentir-se bem. Mais uma oportunidade para estar junto. Se você prefere usar outra data para esse fim, se você acha que não precisa de data, isso é o de menos.

O que importa é o desejo, o gostar, o cuidar, o encontrar, e saber que quem faz o amor somos nós, e não os outros.

Se ainda der tempo, uma boa noite do Dia dos Namorados. A minha está sendo aqui em casa, mas data é o que não nos falta...


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Turbulências

Se abril foi um mês sensacional, junho está sendo bem complicado.

O tempo está péssimo aqui em BH. Não decide se é quente ou frio, não chove nem por decreto, e a poluição chega a níveis assustadores.

Vários aniversários, um casamento de que sou madrinha e uma data comemorativa asseguraram que as minhas finanças estejam em petição de miséria. Cintos apertados até agosto, quando acabo de pagar a maior parte das dívidas.

Domingo, teve concurso da Procuradoria do Município de Belo Horizonte, e tomei um ferro danado, pra não dizer coisa pior. 54 pontos em 100, chega a ser vergonhoso. A maior nota que vi até agora foi 75, mas, mesmo assim, é muito pouco. Auto-estima foi parar no dedão do pé.

Além disso, ontem, Morgana, minha labradoida mais nova, conseguiu a proeza de quebrar um dente. Ou melhor, estraçalhar um dente, o incisivo superior central esquerdo (acho que é isso), do qual só restou um pedacinho, e o nervo exposto.

Morgana, fingindo de cachorrão

No meio de um dia doido de trabalho, tive que despencar no veterinário, e deixar a bichinha internada para fazer a extração, hoje pela manhã. Aproveitei e pedi para fazerem a chapa e o laudo de displasia coxo-femural - uma malformação que acontece na articulação entre a cabeça do fêmur e a bacia, e é muito comum em cães de grande porte.

Fui buscá-la hoje, estava tudo bem... Mas a chapa não foi boa. O vet disse que provavelmente vai ser C ou HD+ (ele ainda não fez o laudo), que é displasia leve. Teoricamente, ainda é permitido para reprodução, mas não é aconselhado. Junte-se a isso o fato de que ela é bem abaixo do padrão de altura da raça, e a idéia de que ela fosse minha primeira matriz numa criação começa a parecer bem distante.

E, é claro, com essa brincadeira, lá se foi mais uma boa grana. Anestesia, procedimentos, remédios.

Além disso, amanhã é Dia dos Namorados, e o meu está viajando. Tudo bem, nem sei se isso é uma coisa tão ruim, porque pelo menos é um bom motivo para não precisar enfrentar restaurante lotado e fila no motel, mas mesmo assim, dá uma certa carência.

Enfim, tudo há de passar. Se possível, num concurso que preste! E essa foi a piada infame do dia.

Dia dos Namorados... só dá trabalho!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Privacidade

Cartaz de "Janela Indiscreta", de Alfred Hitchcock

Em tempos de internet, o conceito de privacidade adquire novos contornos. Perfis em sites de relacionamento, blogs, fóruns, o que não falta são lugares onde abrir sua vida para desconhecidos.

Muitas pessoas se incomodam essa exposição. Desconfiam da internet, não querem que ninguém saiba o que se passa em suas vidas, desejam preservar ao máximo a intimidade. O que é perfeitamente compreensível, quando paramos para pensar em tarados, pedófilos, golpistas e psicopatas de todo o gênero.

Mas existe o outro lado, e aviso desde logo que é onde me encontro. É o lado de quem gosta da oportunidade de se expor - o lado exibicionista, para ser mais clara.

Quando entrei no Orkut, em maio de 2004, eu só conhecia uma pessoa lá, o amigo que tinha me convidado. E aquele mundo de estranhos, cheio de possibilidades, pareceu altamente atrativo. Preenchi meu perfil, coloquei fotos, dados, preferências, e, para usar a gíria, "me joguei".

Fui aprendendo a me mostrar sem me comprometer demais, mas permitindo aos outros participar da minha vida. Troquei opiniões, bati boca, dei e recebi apoio, conheci histórias e contei as minhas. Hoje, 4 anos depois, vejo quanta coisa ganhei, quantas pessoas conheci, o quanto aprendi e mudei com tudo isso. E nunca me arrependi.

Abri minha vida de uma forma que jamais imaginava fazer, e em troca recebi amigos, carinho, críticas construtivas, respeito. Esse fim-de-semana, quando assumi oficialmente que estou namorando, foram dezenas de recados de amigos compartilhando da minha alegria.

Expor-se é um risco. Buscar o outro é um risco. "Viver é muito perigoso", já dizia Guimarães Rosa. Mas as recompensas existem, para quem está disposto a se arriscar.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Borboletas no Estômago

Outro dia, uma amiga me disse que vinha ler meu blog, e parecia que havia borboletas amarelas* voando da tela. Claro, isso era uma metáfora, e me fez pensar sobre o assunto.

Nos últimos meses, vi minha vida mudar radicalmente. Não apenas no aspecto objetivo, mas, principalmente, no subjetivo: o que sinto, o que penso, a forma como vejo o mundo. Há quem diga que isso tem relação com o meu segredinho (e tem!), mas sei que é mais do que isso.

Existem momentos em que é preciso crescer. Em que é preciso assumir responsabilidades, fazer escolhas, tomar as rédeas da própria vida. Meu analista de família (sim, eu faço terapia de família com meus tios e primos do lado do meu pai, e devo dizer que tem sido muito proveitoso) costuma chamar isso de "momentos mágicos".

Que de mágicos não têm nada. São absolutamente doloridos e trabalhosos. Momentos de viver um luto, em geral, seja o luto físico de uma perda, seja o luto pela escolha não-feita (porque toda escolha implica uma perda, e nós vivemos o luto do que não escolhemos). São as horas de olhar para dentro, e encarar de frente todos aqueles cantos escuros.

Sou cheia de cantos escuros. Exponho para o mundo meu lindo lado ensolarado, e guardo comigo as tantas obscuridades que me compõem. Os medos, os desejos obscuros, as pulsões inconfessáveis. O lado escuro que todas as pessoas têm, e que a minha antiga analista (pois é, eu também já fiz análise individual...) preferia chamar de "incontrolável".

A razão pela qual as borboletas parecem voar da tela do meu blog, além do enlevo, possivelmente tenha muito a ver com o fato de que eu venho processando, nos últimos tempos, uma série de lutos. Os óbvios e os não-óbvios. E, com isso, venho sentindo as borboletas no meu estômago se agitarem, numa ansiedade pela vida que estou construindo, pela pessoa que estou me tornando, pelas escolhas que se aproximam.

Meu momento mágico vem sendo trabalhado com algum custo, e, para minha alegria, com muitas boas descobertas no processo - e algumas, nem tanto. Talvez as borboletas sejam simplesmente o retrato da metamorfose lenta e cuidadosa que vem se processando dentro desse meu casulo.



* Não é isso, Rosa?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Segredo

Guardo um segredo comigo. Um segredo que o vento sopra, que as folhas das árvores sussurram, e que não é nada de novo sob o sol. Mas que ainda assim me perturba, e enche os meus dias de um perfume diferente.

Levo isso comigo, entre as dobras do casaco, atrás da orelha, num bolso qualquer.

Queria gritá-lo, desnudá-lo para o mundo, queria compor uma canção que tocasse no rádio, um poema publicado nas manchetes do jornal. Mas me refreio: segredo é para se guardar.

Guardo um segredo comigo que é de ternura e tesão. Que se espalha pelas frestas. Invade as horas, as tardes, a vida. E que nem é tão secreto assim.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Pressentimento

A despeito do que penso, a verdade é que sinto.
A despeito do que tento, acontece.
A despeito do que evito, acabo me perdendo.
A despeito do que espero, surpreendo-me.

E então os dias passam, as noites caem,
o tempo urge (o tempo ruge),
e é inverno outra vez.

Tempo para plantar e tempo para colher.
Tempo para se encontrar:
Encontro. Encanto.

A despeito do que possa acontecer, pressinto.