quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cotidianamente, a gente


A gente se maqueia, se penteia, se emboneca, se perfuma, se veste, se olha. A gente sai, o vento levanta os cabelos. A gente se equilibra no salto alto, e quase que a gente se cai. Quase que a gente se esquece de como andar. A gente senta, come, bebe, fala alto, paga a conta. A gente sente uma ponta de vergonha sem saber nem do quê. E uma ponta de orgulho, também.


E aí a gente se perde, se enrosca, se sente, se esconde, se entrelaça os dedos, tudo pra lembrar que a gente vive, que o sangue corre, o sangue quente e pulsante das artérias, e as pernas se movem, os braços se movem, e a gente lembra daquilo que um dia achou que ia esquecer.


Mas se esquece de outras coisas tantas, a gente se esquece da lua lá fora, esquece a chuva, esquece o vento, e nada é em vão. Tudo para a gente ser.


9 comentários:

  1. O que é que a srta estava fazendo, acordada às 3h27 da madrugada? ¬¬

    Não me venha com "Eu estava postando no blog, se não reparou..." que não cola!

    Você merece todas as coisas boas que têm acontecido! Ah, merece! ^^

    Adorei o post de hoje!

    :*

    P.S.: o post do flog hoje foi inspirado em você. ^^

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  2. Corrigindo. O de hoje, não. O de ontem, terça-feira.

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  4. Esse daria pra classificar como "texto mulherzinha".

    Mas eu gostei mesmo assim. Essa nossa amiga vai de vento em popa.

    beijos
    Rosa

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Despretensioso, natural, sutil e tocante... como as coisas que vêm de você. Lembrou-me, pelo avesso, isso :

    Diga: que põe o mundo à roda?
    A órbita, não o que traça, o que move?
    Do ser em ser nos instantes, que muda?
    Onde está no que há o que houve?

    Movem-se os átimos dos átomos, por certo
    Giram engrenadas celestes as esferas;
    Sendo, não se é, mas sim um já outro –
    Esse, agora, agora, não mais – era.

    Enfim!, coisas, momentos, vida após vida
    Volátil segue rente o inamovível
    Oculto sob a luz que torna a luz visível.

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  7. gosada essa vida...o anônimo, ai em cima, disse que esse seu post era um "texto mulherzinha"...

    eu o classificaria como humano. apenas isso, humano.

    talvez seja o momento atual que me faz vê-lo assim.

    quando poetava, há muito tempo atrás, escrevi:

    "envelheço.
    sem grande dignidade.
    ..."

    hoje, diria que com seu blog e seus textos, vc cresce. dignamente.

    bj

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  8. Olá! Bons ventos me trouxeram aqui! Gostei do seu blog e descobri que é de Belo Horizonte e era uma estátua no Pinguim! rsrs
    Por que sempre é assim, né?! Será que é coisa só de mineiro? Prefiro não acreditar...
    Já tá no meu favoritos! Um beijo, Desirée

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  9. muito puro o seu texto. não tem nada de "texto de mulherzinha". ele traduz até quem, em vez de salto alto, veste terno. é a mesma lógica.

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