sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O ano na prateleira

Chega o fim do ano, e vem aquela vontade irresistível de fazer um balanço geral dos acontecimentos. Catalogar o ano, alocá-lo adequadamente na prateleira dos já vividos.

Dizem que o tempo passa mais depressa depois que a gente vai ficando mais velha. Eu concordo plenamente, e a razão é óbvia: quando temos 5 anos de idade, a prateleira dos anos vividos só tem 5 livros, mas enormes e cheios de informação. Cada um que se adicione é um mundo inteiro de novidades, é um quinto de TUDO o que já se viveu. A proporção é esmagadora. Aí a vida vai passando, e de um quinto, cada ano passa a valer um vinte-e-quatro-avos de tudo. O ano enorme, um livrão, praticamente uma enciclopédia, passa a livrinho fino, resenha futebolística, catálogo da Unimed.

(Imagino que o último ano da vida de alguém que morre bem velhinho seja praticamente da espessura de uma única folha acrescentada à prateleira.)

Então, é o ano de 2008 que agora acrescento aos anteriores. Devo dizer que 2007 foi um título de péssimo gosto, fracassso de venda e de crítica, diferente dos excepcionais 2001 e 2002, que sempre podem ser revistos para levantar o astral.

2008 não chega a ser magistral, e sem dúvida não é uma obra-prima. Mas foi um ano honesto, cativante, com bastante ação (novamente, em oposição ao estagnado 2007), e pleno de amadurecimento. Fechou algumas pontas soltas deixadas por 2007 - um relacionamento fracassado, hábitos de vida ruins, excesso de peso, indecisões, mau humor, brigas constantes - e abriu perspectivas interessantes, trazendo luz e cor inteiramente novas.

Trouxe novos hábitos - corrida, alimentação saudável, estudo; novo ânimo - bom humor, disposição, relacionamento melhor com a família; um novo amor - com tudo aquilo que já foi dito por aqui, um amor que encheu a vida de alegria e o coração de paz. Não foi um ano de grandes vitórias, não foi um ano cheio de atividade social, mas foi um momento de aprender a construir e a ter paciência. Aprender a ouvir o corpo e o coração, com calma.

Que venha 2009. Que traga mais vida, e com a vida, mais tropeços, mais enganos, mais conquistas, mais alegrias, mais dor, mais medo, mais amor, mais felicidade. Que seja mais um livro na minha prateleira, para que, no fim da vida, eu possa contemplar a obra que escrevi e vivi.