Na sexta-feira, coloquei um aviso no meu Orkut: "OFFLINE por todo o Carnaval". E a verdade é que não estive apenas fora do Orkut, mas completamente offline: sem celular, sem computador, sem nada. Contato com a civilização? Um único orelhão, sempre com fila, ao lado de uma igrejinha e de uns dois ou três botecos. E isso a menos de 3h de BH, no lugarzinho onde eu e o Nando nos enterramos nesse feriado - Lapinha da Serra, um vilarejo que integra o Circuito Turístico da Serra do Cipó.
Para chegar à Lapinha, são cerca de 90km de asfalto, passando por Lagoa Santa, e depois mais 42km de estrada de terra. É um bocado de chão, mas vale a pena, porque a própria estrada já é um passeio - agora, na época das chuvas, o vermelho intenso da terra contrasta com todas as gamas de verde de uma vegetação de cerrado incrivelmente exuberante. Lindo, lindo, lindo.

O mais impressionante é que o lugar é simplesmente um aglomerado de belezas naturais para onde quer que se olhe. Montanhas, cachoeiras, rio, lago, flores, árvores, é até difícil encontrar um enquadramento de foto que não seja de babar. E o que não falta na Lapinha são atrações nos mais diversos níveis de dificuldade para quem gosta de trekking e escalada.


Foram cinco dias de caminhadas, subidas, mergulhos, comida mineira caseira (recomendadíssimo o restaurante Moendas, comandado pela Rosângela e seu tempero maravilhoso), cochilos depois do almoço, longas tardes tocando violão, batendo papo com os vizinhos de pousada, ou simplesmente deixando o tempo passar.
Lapinha é cheia de gente alternativa, uns hippies desgarrados, naturebas em geral, aventureiros, além, é claro, na época do Carnaval, da turma que só quer beber e farrear. Infelizmente, essa turma ia para as cachoeiras e deixava um rastro de lixo, latinhas de cerveja, garrafas plásticas.
Aliás, esse é um dos grandes problemas ali, atualmente: a depredação. Vimos motocicletas pasando por trilhas em que isso é proibido, lixo de todo tipo jogado até mesmo em lugares de difícil acesso, água poluída. Já há diversas iniciativas locais para buscar mais fiscalização, e espero que eles tenham sucesso em minimizar o impacto.
Até alguns anos atrás, nem pousada havia em Lapinha, e era preciso acampar. Hoje, com o crescimento do turismo, já são várias pousadas, além de diversos estabelecimentos - a maior parte bem charmoso e adequado ao clima do lugar. Ficamos na pousada O Pico do Cipó, e adoramos o lugar, tanto pelas instalações, quanto pela simpatia do Paulo e de sua família.
Na noite de terça, para despedir, uma "jam session" improvisada no barzinho natureba da Sandra (caldo de mandioca com alho-poró, aceitam?), com direito a bandolim, percussão de tudo quanto é tipo, e um sambinha bem animado.

Fomos embora na quarta já fazendo planos de voltar para ir aos lugares que ainda não conhecemos.
Depois de um Carnaval desses, o ano pode até começar.