quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval Offline

Com o burro na sombra

Na sexta-feira, coloquei um aviso no meu Orkut: "OFFLINE por todo o Carnaval". E a verdade é que não estive apenas fora do Orkut, mas completamente offline: sem celular, sem computador, sem nada. Contato com a civilização? Um único orelhão, sempre com fila, ao lado de uma igrejinha e de uns dois ou três botecos. E isso a menos de 3h de BH, no lugarzinho onde eu e o Nando nos enterramos nesse feriado - Lapinha da Serra, um vilarejo que integra o Circuito Turístico da Serra do Cipó.

Para chegar à Lapinha, são cerca de 90km de asfalto, passando por Lagoa Santa, e depois mais 42km de estrada de terra. É um bocado de chão, mas vale a pena, porque a própria estrada já é um passeio - agora, na época das chuvas, o vermelho intenso da terra contrasta com todas as gamas de verde de uma vegetação de cerrado incrivelmente exuberante. Lindo, lindo, lindo.


O mais impressionante é que o lugar é simplesmente um aglomerado de belezas naturais para onde quer que se olhe. Montanhas, cachoeiras, rio, lago, flores, árvores, é até difícil encontrar um enquadramento de foto que não seja de babar. E o que não falta na Lapinha são atrações nos mais diversos níveis de dificuldade para quem gosta de trekking e escalada.



Foram cinco dias de caminhadas, subidas, mergulhos, comida mineira caseira (recomendadíssimo o restaurante Moendas, comandado pela Rosângela e seu tempero maravilhoso), cochilos depois do almoço, longas tardes tocando violão, batendo papo com os vizinhos de pousada, ou simplesmente deixando o tempo passar.

Namorado forte, namorada desprevenida!

Lapinha é cheia de gente alternativa, uns hippies desgarrados, naturebas em geral, aventureiros, além, é claro, na época do Carnaval, da turma que só quer beber e farrear. Infelizmente, essa turma ia para as cachoeiras e deixava um rastro de lixo, latinhas de cerveja, garrafas plásticas.

Aliás, esse é um dos grandes problemas ali, atualmente: a depredação. Vimos motocicletas pasando por trilhas em que isso é proibido, lixo de todo tipo jogado até mesmo em lugares de difícil acesso, água poluída. Já há diversas iniciativas locais para buscar mais fiscalização, e espero que eles tenham sucesso em minimizar o impacto.

Até alguns anos atrás, nem pousada havia em Lapinha, e era preciso acampar. Hoje, com o crescimento do turismo, já são várias pousadas, além de diversos estabelecimentos - a maior parte bem charmoso e adequado ao clima do lugar. Ficamos na pousada O Pico do Cipó, e adoramos o lugar, tanto pelas instalações, quanto pela simpatia do Paulo e de sua família.

O nome desse lugar, acreditem: Paraíso.

Na noite de terça, para despedir, uma "jam session" improvisada no barzinho natureba da Sandra (caldo de mandioca com alho-poró, aceitam?), com direito a bandolim, percussão de tudo quanto é tipo, e um sambinha bem animado.


Fomos embora na quarta já fazendo planos de voltar para ir aos lugares que ainda não conhecemos.

Depois de um Carnaval desses, o ano pode até começar.

O paredão da Lapinha, no dia em que chegamos

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Vida Saudável

Além do meu óbvio sumiço de blogs, Orkut e afins nos últimos tempos, andei mudando mais algumas coisas na minha vida. Nada a ver com resolução de ano novo - até porque isso tudo veio acontecendo ao longo do ano passado, culminando no período logo antes das festas. O fato é que estou levando uma vida absolutamente saudável, como nunca imaginei que conseguiria.

É bom que eu esclareça algumas coisas. Primeiro, nunca fui vaidosa. Até o meio da minha adolescência, lá pelos 15-16 anos, eu mal me preocupava em lavar cabelo. Usava calças largas de skatista (e não, nunca andei de skate, e me acho incapaz de me equilibrar em cima daquilo), camisetas folgadas, tênis. Minha mãe escolhia meu shampoo, e tentava me convencer a me arrumar um tiquinho. Fazer as unhas? Usar um hidratante? Passar maquiagem? Quando muito, na hora de ir às festas de 15 anos, e olhe lá. Só fui melhorar depois da faculdade, e mesmo assim, sem muita convicção.

Segundo, sempre fui boa de garfo. A típica pessoa que come bem e não tem medo de comer. Picanha, feijoada, lasanha, torta de chocolate, sorvete, colocou no prato, eu como. Amo comida. (Embora, por outro lado, isso inclua também as saladas: sou v-i-c-i-a-d-a em salada, amo agrião, alface americana, tomate maçã, e tudo só com limão ou azeite e um tiquinho de sal.)

Terceiro, eu não sou, por natureza, uma pessoa disciplinada. Meu quarto é uma bagunça, sempre esqueço de tirar extrato semanal no banco, nunca sei quanto dinheiro tem na conta (mas não, não entro no cheque especial, e odeio pagar qualquer tipo de juros), nem sempre ligo nos aniversários dos amigos, fico em casa pra estudar e entro no Orkut, procrastino.

Enfim. A despeito de tudo isso, a vida que eu vinha levando começou a me incomodar no começo do ano passado. Maus hábitos alimentares, gordura sobrando por todos os lados, calças apertadas, auto-estima no dedão do pé, falta de fôlego até pros treinos de aikido. Comecei com a corrida, logo no comecinho do ano. Timidamente, nem sempre conseguindo correr duas vezes por semana, mas tomando gosto pela coisa.

Depois, veio o término de namoro, que significou uma perda rápida e drástica de peso, algo em torno de uns 2 ou 3kg, porque eu simplesmente não conseguia comer. E veio junto a sensação de que dava para continuar tocando a vida sem recuperar todo aquele peso morto, o que só me estimulou a continuar correndo.

E aí, chegou o Nando - para quem não conhece, devo dizer que o rapaz é sarado, todo musculoso - e, com ele, uma vontade de melhorar, de ficar mais bonita e melhor comigo mesma. Começamos a correr juntos, e o estímulo foi só aumentando para impulsionar uma mudança ainda maior.

Os hábitos foram sendo adquiridos aos poucos, e se incorporaram à rotina. Esfoliante. Hidratante. Leave-in. Lancheira com sanduíche e suco pra levar ao escritório. Arroz integral. Menos coisas gordurosas. Menos chocolate. Musculação. Corrida com dia e horário inadiáveis. Peito de peru defumado. Sobremesa só às sextas-feiras. Férias em Salvador correndo na praia todos os dias. Hidratante com uréia para cotovelos e pés. Hidratante para as mãos. Filtro solar todos os dias antes de sair de casa. Iogurte desnatado com aveia no café da manhã. Comunidades de corrida no Orkut. Tênis Asics top de linha para pisada pronada. Saber o que é pisada pronada. Menos refrigerante. Mais sucos. Muita fruta.


Meio sem querer, quando assustei, meus hábitos de vida tinham se tornado tudo aquilo que médicos e nutricionistas recomendam. Alimentação balanceada, exercícios e cuidados diários com a pele. Assustador.

O problema é que esse negócio vicia, porque os resultados são muito claros. Tenho um corpo hoje que nunca tive antes, com pouca gordura, firme, desenhado. As calças servem!!! Os vestidos ficam bonitos! E a pele está bonita, firme, quase sem espinhas.

As manchas que tinha nos dentes, causadas por corantes artificiais das bobagens que eu comia, simplesmente desapareceram. Dentes brancos! E eles também pararam de se desgastar, porque finalmente fiz minha plaquinha de bruxismo (eu ranjo os dentes à noite).

Sinto disposição para tudo o tempo todo, não tenho mais preguiça de sair de casa, ou de fazer uma caminhada. Levanto cedo sem reclamar, não fico mais mole e sonolenta.

Não sinto mais dores nas articulações, mesmo quando fico trabalhando no computador, porque a musculatura de sustentação está forte. Para o Aikido, isso é uma bênção, com aquele monte de chaves. Aliás, não fico mais ofegante durante o treino, encaro tudo numa boa.

Foi uma mudança radical, e teve um custo nos meus prazeres imediatos - em especial na comida. Mas o prazer que isso vem me trazendo de tantas outras formas compensa sem discussão! E acaba me fazendo sentir um pouco mais adulta, bem agora, às vésperas de completar meu primeiro quarto de século. É como se eu tivesse entendido, finalmente, que sou responsável pelas conseqüências das minhas escolhas, e que posso fazer escolhas melhores agora.

O próximo passo é criar uma rotina de estudos. Vou um passo de cada vez, mas o que consegui implementar nos hábitos de saúde me mostrou que é possível, sim, e que depois que nos acostumamos, é difícil até lembrar de como era a vida antes.


Eu, Nando e mamãe, depois de uma prova
(Sim, todo mundo ganha medalha, igual olimpíadas de colégio - "o importante é competir", lembram?)