Como e por quê

"A realidade, Maria, é louca".

Com essas palavras, Paulo Mendes Campos, em "Para Maria da Graça", adverte a Maria do título - que acabara de completar seus 15 anos - do que o futuro ainda reservaria para ela.

Essa crônica me acompanhou ao longo da vida. Travamos conhecimento quando eu tinha exatos 15 anos, e desde então, sempre que algo me acontece, sempre que sinto que a lucidez está escapando pelos dedos, eu a releio. E relembro que a realidade é louca, que a sozinhez (palavra inventada) é inevitável, e que os homens vivem apostando corrida.

Começo esse blog num momento que poderia, de acordo com esse mesmo texto, ser chamado de "grande ocasião":

"Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas."

A saída para as grandes ocasiões? O humor. Só ele nos impede de naufragar, só ele permite espanar a poeira e seguir adiante. Em nome do humor, escrevo, ainda que não escreva nada de engraçado. O que não posso é deixar que a dor me leve de arrasto, que ela me impeça de viver.
Afinal de contas:

"É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça."

Bem-vindos.

Texto completo da crônica: aqui