quarta-feira, 30 de julho de 2008

URGENTE

Pessoal, estou aproveitando esse espaço aqui para pedir a ajuda de vocês.

Recebi a informação de que um amigo meu, o Éder, está desaparecido desde junho desse ano. Ele é biólogo, e estava viajando para o Mato Grosso, de mochila nas costas. A última notícia que se teve dele foi quando estava em Ourinhos, SP.

Por favor, repassem esse panfleto, para tentarmos descobrir o paradeiro do Éder:


Agradeço desde já pela colaboração!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Alívio alheio

Tenho um nariz grande.

Toda vez que menciono isso a alguém que acabei de conhecer (ou que já conhecia, mas a quem ainda não o tinha dito), sinto a pessoa respirar aliviada: agora pode se esquecer do meu nariz, eu sei que ele está lá.

Faço minha boa ação cotidiana mantendo a auto-crítica em dia.

sábado, 26 de julho de 2008

Atualizações

Uma das melhores partes de escrever meus planos, preto no branco, é poder reler sempre, e ver como vão os progressos. Tive essa semana o prazer de poder "ticar" um deles da lista:



Apesar da super gripe que ainda manifestava seus últimos sintomas, consegui. Nando foi comigo, e ter companhia ajudou bastante a manter o passo. Ainda assim, não foi nada tão difícil, e eu fiz um tempo considerado bastante bom para alguém com pouco treino (e doente!).

Devagar, devagarzinho, as coisas vão entrando nos eixos.

Estou em Salvador desde segunda-feira, já volto pra casa amanhã, e meu grande projeto aqui foi a educação de um lindo filhotinho de vira-lata que atende pelo nome de Kadu e está com exatos 50 dias de idade:


Poucas coisas são tão gostosas quanto um filhote de cachorro, ainda mais alegre e esperto como esse peludo. Só assim para espantar o tédio de uma casa que é também escritório, o que impede inclusive de usar a piscina...

Exercitei também meus talentos de educadora infantil (vulgo "tia do pré") com as 4 crianças que estavam aqui, e que levei pro cinema, pro zoológico, pro fliperama. Que ninguém entenda errado, eu AMO criança, mas minha idéia de uma semana de férias não era bem essa. Não fui à praia, porque só dava pra ir se levasse os pimpolhos. Enfim, aquele típico programa de índio que eu faço para poder ficar com meu pai e meu irmão.

Só atualizando, já que fiquei tanto tempo sem postar...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Férias?

Teoricamente, estou de férias. Na prática:

- Uma gripe horrenda me pegou na quinta-feira, e até hoje não me largou. Passei o fim de semana na cama com ela, entre tosses, espirros e fungadas.

- Tive que trabalhar na segunda-feira, devo ter que voltar ao escritório ainda essa semana para terminar umas coisas, e meu chefe, que está viajando, não responde e-mail nem a marreta.

- Com a ajuda do Fernando, resolvi arrumar meu quarto. Ele pregou duas prateleiras para aliviar as pilhas de livros do lado da cama, e eu decidi aproveitar o embalo e dar uma geral.

Embora morra de preguiça, adoro fazer arrumação, porque acabo me deparando com um monte de recuerdos que vão ficando escondidos pelos cantos. Fotos antigas, bilhetes de amigas no colégio, CD's que eu jurava que estavam perdidos...

E encontro muita tralha, também. Todos os tipos de brindes que vieram em embalagens da Elma Chips ou Sucrilhos, lembrancinhas de festa (dessas que estão na moda - orelhinhas, plumas, pulseiras fluorescentes, pingentes que acendem), fitas, embalagens, pedaços de coisas quebradas, e todo tipo de traste. Tenho uma séria dificuldade em jogar essas coisas fora, desde pequena. Costumava guardar até papel de bala, minha avó faltava me matar!

Aliás, melhor voltar para a arrumação. Fiz uma pausa para almoçar (só o McDonald's ainda estava aberto), agora vou encarar a minha zona:


quarta-feira, 9 de julho de 2008

Nós e os elevadores


Muito bom o texto* do Marcelo Coelho na Folha de S. Paulo de hoje, sobre o uso do elevador.

Vivemos num país em que, ao mesmo tempo, somos cordiais e grosseiros; acolhedores e delicadamente trogloditas. Temos um espaço vital reduzido, e constantemente invadido por estranhos, mas isso em geral não nos incomoda, tendo sido acostumados desde a mais tenra idade.

Lembro-me de quando estive na Inglaterra. As pessoas mantinham uma distância regulamentar enorme. Mesmo na estação do metrô, aquele lugar caótico, a todo momento se ouvia um "sorry" polido, diante de qualquer esbarrãozinho que aqui no Brasil nem seria notado.

E o elevador, por seu exíguo tamanho, e pela proximidade forçada que causa, é um bom indicador dessas diferenças.

Ou talvez, até mais do que isso. Uma pesquisa publicada na revista Mente e Cérebro, comparando o comportamento das pessoas ao entrar no elevador, concluiu que existem padrões que podem apontar diferenças individuais de personalidade. Alguns exemplos mencionados:
  • Intrometido – Falador e, em geral, indiscreto, sente-se no dever de conversar com todos, falando interminavelmente até o elevador se esvaziar.

  • Observador – Perscruta os outros da cabeça aos pés, observando detalhes da roupa ou características físicas; não fala, parece não exprimir nenhuma emoção e fica atento mesmo que o elevador esteja vazio.

  • Arrogante – Na maioria das vezes vestido de forma impecável, olha os outros com desprezo ou auto-suficiência e, em geral, é um front runner**. Não raro, assume tal atitude por puro mal-estar causado pela proximidade alheia. Costuma sacar o celular assim que a porta abre.

  • Intratável – Faz de tudo para evitar qualquer contato, físico ou verbal. Se o elevador está ocupado, hesita entre entrar, usar a escada ou esperar a próxima viagem. Se alguém tenta romper o silêncio, fica quieto, olhando para frente.

  • Vaidoso – Busca imediatamente um espelho e, na falta deste, usa a superfície metálica que reflete sua imagem para ajeitar roupas, cabelos e sobrancelhas.

  • Inseguro – Mostra-se hesitante, atrapalha-se com o andar. Solicita as mais diversas informações.

Lendo essa lista, consigo facilmente visualizar cada um desses tipos. De acordo com a matéria da revista, muitas vezes o comportamento assumido dentro do elevador não reflete aquele que a pessoa tem na vida cotidiana.

Talvez porque o elevador seja o lugar onde a nossa solidão fica mais saliente. Estamos ali, cercados de pessoas, e não conseguimos, na maior parte das vezes, sequer travar um diálogo, sequer romper aquela fina barreira de desconhecimento. A proximidade física extrema não impede o estranhamento, ou, pelo contrário, o acentua.

Estamos todos tão próximos, e tão sozinhos. E não, isso não se refere apenas ao elevador.

*Matéria acessível apenas para assinantes UOL e Folha de S. Paulo

** Front runners, de acordo com a pesquisa, são as pessoas que se postam logo em frente à porta do elevador, prontas para sair correndo assim que ela se abrir.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Bur(r)ocracia

Advogar é, essencialmente, passar o tempo tentando driblar a bur(r)ocracia.

Estou fazendo um inventário administrativo - ou seja, em cartório, ao invés de judicial. Uma das etapas disso tudo é preencher uma declaração dos bens e direitos sendo transmitidos, calcular o ITCD (Imposto sobre Transmissão de bens "Causa mortis" e Doações) incidente, recolhê-lo, e mandar tudo para a Fazenda Estadual homologar.

Um mês atrás, fiz isso tudo. Agora, a Fazenda devolveu... Dizendo que precisamos pagar mais 4 mil reais. Obviamente, fui tentar descobrir a razão da cobrança, para, se for o caso, impugnar. E aí começou a minha diversão de hoje.

Olhei no site da Secretaria da Fazenda, e não consegui descobrir exatamente onde deveria ir. A Secretaria da Fazenda tem trocentos prédios, cada um num canto da cidade. Vi um nome que continha algo como "atendimento ao público", e decidi ir até lá, já que o telefone não atendia, mesmo.

Centro de Belo Horizonte. Rua Rio de Janeiro, em plena Praça Sete. Quem conhece a cidade, sabe do inferno que estou falando. Vagas? Hahahahahaha... Só consegui um estacionamento, a 3 ou 4 quarteirões de distância, cobrando 6 reais por hora. Dirigir naquela região desperta ímpetos de fazer um strike com todos aqueles pedestres no meio da rua. E andar a pé é praticamente um rally, fugindo dos vendedores ambulantes, e das pessoas oferecendo empréstimos "na hora", fotos "na hora", compro ouro "na hora".

Cheguei ao tal lugar, e a recepcionista pediu minha identidade para cadastrar. Entreguei minha OAB:
- Não tem identidade?
- Olha, tá escrito aí na carteira 'identidade civil para todos os fins legais'
- Ah, mas eles aqui querem é a outra, aquela comum.

Respirei fundo. Uma carteira da OAB é um documento muito mais formal que uma carteira de identidade. Para obter essa bendita carteira, tem que apresentar assinatura de 3 advogados abonando sua conduta, certidão de bons antecedentes, a identidade "comum", o CPF, além de ter que passar na bendita prova. Ou seja, ela vale muito mais. Mas eu não ia fazer esse discurso todo.

- Eu nem ando mais com a carteira comum, vai ter que ser essa, mesmo.

Cara de bunda, mas aceitou. Perguntou com quem eu ia falar.

- Não tenho a menor idéia, aliás, vim aqui exatamente para descobrir.
- Ah, mas você sabe se é nesse prédio? Porque tem outro prédio da Secretaria da Fazenda no quarteirão de baixo.
- Não, não sei. Vou lá em cima, e pergunto pro primeiro que tiver cara de saber, porque sozinha eu não consegui descobrir.

Nesse momento, acho que ela se compadeceu de mim, e me liberou para entrar. Subi até o 8º andar, e literalmente perguntei pro primeiro que passou - um senhor de idade - se ele sabia onde eu poderia resolver meu problema. Ele não sabia, mas chamou lá dentro um rapaz que deveria saber. O rapaz, é claro, também não sabia. Mas disse que devia ser no tal prédio do quarteirão de baixo.

Fui até lá, então, abrindo meu caminho a cotoveladas no meio da multidão, segurando a bolsa com força, morrendo de calor, e dirigindo meu ódio à burocracia. Quando cheguei lá...

- Não, não é mais aqui, agora é na Av. Brasil, 464.

A Avenida Brasil é em outro bairro, e definitivamente não ia dar tempo de chegar lá no meu horário de almoço. Respirei fundo, agradeci, e fui buscar meu carro. Maldita burrocracia. Maldita, maldita. Gastei meu horário de almoço inteiro, e não resolvi NADA.

E isso tudo, é claro, me lembrou o super clássico desenho "Os Doze Trabalhos de Asterix", em que um dos trabalhos é exatamente vencer a super burocracia romana para conseguir um formulário...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Homem e Mulher


Sou fã do Contardo Calligaris (aliás, como a maior parte das pessoas que conheço), e acompanho a coluna dele na Folha de São Paulo. Hoje, ele tratou de um tema que é sempre interessante: a identidade de gênero.

O que é que nos torna o que somos - homem ou mulher?

Contardo elenca algumas possibilidades: a cultura, a biologia, ou, ainda, a escolha. E menciona como exemplo desta última algo que ocorria nas montanhas do norte da Albânia. Uma cultura com divisão rígida entre homens e mulheres, em que vige um sistema de mortes perenemente compensadas (mate um dos meus, eu mato um dos seus), mas apenas entre homens. Assim, em muitas famílias, restavam apenas mulheres. E aí é que entra a escolha: uma mulher virgem poderia escolher ser homem, e passar a agir e ser vista como tal pelo resto da vida.

Algo assim nos apresenta uma idéia que não é nova, mas que é sempre intrigante. A de que somos o que somos porque escolhemos, a cada instante, sê-lo. E que isso inclui até mesmo a nossa opção sexual.

Essa escolha não se processa de forma racional. Não consigo imaginar alguém parado na frente do espelho, dizendo para si mesmo "hoje quero continuar a ser homem". Mas poucas escolhas são realmente racionais, e o controle que temos sobre o que escolhemos é assustadoramente limitado.

Na maior parte do tempo, simplesmente escolhemos, e, se alguém nos pergunta a razão, não sabemos dizer. Carne ou peixe? Preto ou vermelho? Beatles ou Rolling Stones? Atlético ou Cruzeiro? Alguma razão em especial para a escolha? Possivelmente não.

Ser mulher é trabalhoso, porque mulher não tem signo, nem símbolo, porque é coisa inventada. Homem é o falo, as grandes torres, os carros velozes, os símbolos de status. E mulher? Mulher é o quê? Bolsa e sapato, como em Sex and the City?

Já disse: mulher é inventada. É coisa que não existe. Mistura de força e de fragilidade, de coragem e de delicadeza, e não se explica. E sofre por não se explicar, por não se permitir compreender: nem Freud, nem Lacan, conseguiram, por mais que tentassem. Talvez porque sejam homens. Se fossem mulheres, nem tentariam, porque já saberiam, de nascença, que mulher não se explica.

É preciso escolher a cada dia, e não é difícil entender por que alguém escolheria deixar de ser mulher, para poder ser homem, em paz. O falo (não o físico, mas aquele outro, também inventado, que é puro símbolo) facilita tudo.