segunda-feira, 28 de abril de 2008

Certinha

Estou aqui em Buenos Aires aproveitando a última das minhas cinco horas de solidão. Meu vôo é 5 horas mais tarde que o do resto da minha família, o que significa que eles já devem estar a caminho do Rio de Janeiro, enquanto eu estou aqui, no hotel, aproveitando para me atualizar na internet. Mais de 100 postagens novas para ler no meu Google Reader!

Voltando ao tema, nessas horinhas o que acabei pensando foi no quanto sou certinha, e no que isso significa.

Um fato: sim, eu sou certinha. Não fumo nem nunca fumei nada, bebo pouquíssimo, devolvo troco que recebo a mais, volto pra casa antes das 3 da madrugada até hoje, ligo para minha mãe para avisar onde e com quem estou, não faço barraco em público, nunca fui a uma delegacia, e acho que a maior reprimenda que já levei foi um um funcionário do McDonald's.

Mas ser certinha hoje está fora de moda. Ser "de boa família" remete aos tempos da TFM (Tradicional Família Mineira), ou da TFP (Tradição, Família e Propriedade). É reacionário, pequeno burguês, coisa de gente cheia de frescuras e rapapés.

E eu me pego na estranha situação de tentar esconder a minha "certice". Tentar esconder o fato de que não tenho grandes aventuras para contar, nunca roubei o carro do meu pai, nunca vomitei no tapete de casa depois de uma bebedeira, nunca transei com um desconhecido em um quarto sujo de motel.

Levei e ainda levo uma vida sem grandes percalços. Estudei em um bom colégio e nunca tive problemas de notas, nem brigas com professores ou diretores. Pelo contrário, fiz bons amigos. Hoje me entendo bem com meus pais e avós.

Nunca sofri traições horríveis de amigos, e nunca traí nenhum deles. Aliás, também nunca traí namorados, ficantes, rolos. Mas fui fiel ao meu desejo, sempre que possível.

E talvez seja isso o que eu esteja querendo dizer, desde o início. O fato de que não deixo meu desejo comandar minha vida irrefreadamente não significa que eu o traia. Pelo contrário. Ser certinha talvez seja a atitude mais radical que eu possa ter, porque significa que sei o que quero, entendo o que desejo, mas sou eu mesma que decido quando o desejo vai mandar.

Quando ele manda, então, eu me entrego por inteiro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu pensei que você iria bater perna pela cidade, durante essas horas sozinha...

Interessante o post de hoje.

Eu não sou um exeeemplo de pessoa correta, não. Longe disso.

Mas tbm nunca fumei nada, nem vomitei no tapete da sala de ninguém ou cheguei de porre em casa. Sempre aviso onde estou e com quem estou e até ajudo velhinhos a atravessar a rua, dou lugar pra sentar e etc...

Bom... a única coisa que difere aí é a parte das notas! HAIEUHAIEUHAE

Eu nunca estudei. Sempre passava raspando em todas as matérias e sentava (ainda sento) no fundão. Dizem que eu endireitei na faculdade, apesar de continuar não estudando.

Falo palavrão e rio alto.

Nada que mude a essência, afinal.

Acho que ser "certinha" é estado de espírito. E mais. Tem que ser bem resolvida pra aceitar, assumir e ser assim.

E eu juro que comento de novo quando voltar, mas eu tô MUITO atrasada pra descer no ponto pegar o ônibus e ir pra aula! HAIEUHIUAHE

Pra variar, né?!

:*

Anônimo disse...

Que ponto chegamos para pensar que ser certinho é ser esquisito ou vergonhoso.

Aliás, "certinho" já me parece um termo jocoso. :-P

Me simpatizo contigo Deborah. Sou certinho e ainda tiro onda de quem não é. huahuahuahua...

[]'s

Alessandra Mosquera disse...

Mais certinha do que eu? Que estudou jornalismo, na PUC, período noturno...e nunca fumou um baseado na vida!!! Sim, sim, sim, eu consegui!
Sempre tive fama de certinha, vc ainda volta às 3h da manha pra casa, eu nem isso fazia... tinha que dormir na casa de uma amiga para poder ir às baladas da facu porque meus pais nao me deixavam chegar depois da meia-noite (exactly).
Nunca repeti de ano, o máximo foi uma recuperaçao de meio de ano que fiz no colegial...
Cabulava super pouco e ficava com remorso, na época da faculdade!
Namorei muito pouco... mas no campo "amor" até fiz umas pequenas loucuras antes de encontrar o homem certo.
O melhor é curtir a vida.