quarta-feira, 16 de abril de 2008

Corpo

Benhê, assim não, minha bunda fica horrível!


Outro dia, navegando de bobeira, me deparei com uma matéria, em um site feminino, falando das melhores posições sexuais para esconder determinados "defeitos": bunda grande, seios flácidos, barriguinha saliente, e afins. Havia inclusive ilustrações, e explicações detalhadas.

Ri sozinha, e fiquei pensando no que aquilo significaria. Que nível de incômodo é esse, de desconforto com o próprio corpo? E que falta de intimidade é essa, que faz com que se vá para a cama com alguém de quem se quer ocultar o que se é? E, mais ainda: que burocratização é essa?

Meu corpo não é perfeito. Minha bunda é grande demais, meu nariz é grande demais, meu quadril é muito largo, e eu não me importaria de ter pernas mais compridas. Mas isso é o que sou. O que sou é esse corpo, imperfeito, com celulites e estrias, como imperfeita é a alma que o habita.

Talvez um dia eu me anime a fazer uma plástica (a redução de nariz é especialmente tentadora). Talvez dieta e exercícios melhorem algumas coisas. Mas a essência física, a estrutura, essa não dá para mudar, sob o forte risco de mudar o meu próprio ser.

A verdade é que não é fácil me olhar no espelho, literal ou metaforicamente. Espelho do corpo, espelho da alma, dá sempre um medo danado de ser rejeitada por aquilo que é terrivelmente cheio de falhas. Espelho, espelho meu, haverá quem seja mais imperfeita do que eu?

Acho que não, que somos todos imperfeitos por igual. A diferença está no esforço que se faz para encobrir aquilo que, a um primeiro momento, parece não ser tão bonito - e os artifícios podem incluir não só uma roupa, um jeito de andar, mas, para meu espanto, até mesmo a forma como se transa.

Um comentário:

Anônimo disse...

vc tocou num ponto essencial dos dilemas q as pessoas tem vivido por aí. soa mesmo muito estranha e antinatural essa forma como as pessoas têm olhado para o proprio corpo, tão sem se aceitar. olhar no espelho tem sido um ato de coragem. acho q muita gente hj seria capaz de tomar uma pílula para virar um cabide só para pendurar suas roupas novas, se fosse possível.