quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amaro

Junho continua difícil. Continua um mês, assim, meio de sombras.

O que me dói, sempre, é encontrar um fundo amargo nos momentos de alegria. É encontrar uma ponta de dor e culpa no prazer, naquilo que supostamente deveria ser sentido sem medo.

Talvez tenha sido sempre assim, como uma herança de família: não ter direito ao prazer, não ter direito ao gozo puro e simples das boas ofertas da vida. Por trás de cada alegria, uma sensação de dever que deveria estar sendo cumprido, de responsabilidade renegada, de culpa.

A tal, transmitida ao longo das gerações. Culpa existencial. Culpa por simplesmente ser, por simplesmente ter tido a sorte de nascer com facilidades mil, culpa por ter sorte na vida, culpa por poder fruir, culpa por sequer pensar em fazê-lo. Culpa que nem os anos de psicanálise conseguiram aplacar, e nem os anos de vida, tampouco.

Por trás dela, há um ganho. Um ganho neurótico e intangível, mas que a perpetua.

Preciso me livrar desses entraves. É esse ganho da culpa que piora minha procrastinação, que alimenta a minha inércia, que me mantém num estado de suspensão e ansiedade. É esse gosto amargo, que não passa.

3 comentários:

Mondo Gatto disse...

Vamos dar as mãos e sair por ai! rsrs
Será que podemos dar para junho o título do "mês da culpa"?
Nem as férias de estudo de uma semana, meus passatempos e devaneios conseguiram aliviar a culpa. Ela voltou a todaaaa! Se tiver outra dica, me fala! E eu te dou a seguinte dica: não pense na culpa... se é que isto é possível.
Bjos culpados, Desirée

Anônimo disse...

Desejo a você o prazer de um bom chocolate amargo com a leveza de ver o dia nublado, frio, do mundo respirando.

O sabor agridoce de saber que junho está acabando e que a dor também passa tão rápido quanto menos a agarramos.

Sim, ela volta diferente. Tem muitas faces. Ela volta igualzinha. Nós também somos os mesmos e diferentes a cada novo momento.

Como a Ventania sopra: de mãos dadas - com a dor e a culpa - vamos sair por aí!

Mondo Gatto disse...

Deborah, só prá ficha cair, passei me quatrocentos e noventa na petrobrás e não em quarenta em nove! Por isso perguntei se há possibilidades de ser chamada antes do fim do mundo! rsrs