terça-feira, 6 de maio de 2008

Once and always

Um ex-namorado certa vez me disse algo que eu nunca esqueci: quando a gente ama alguém uma vez, nunca mais deixa de amar.

É claro que isso foi dito por alguém no auge dos 17 anos, e as implicações dessa frase incluíam o fato de que ele tinha me chifrado com uma ex (e só fiquei sabendo depois). Mas, tirando do contexto, devo dizer que hoje concordo com ele.

O desejo não esquece. Ele pode trocar de objeto, lamber as feridas, deixar o tempo passar, mas aquilo que se quis continua ali, vivo. Não estou falando necessariamente de ex-namorados: existem pessoas que nunca foram namorados, mas foram objeto do desejo, e existem namorados que não são objetos do desejo - esses, a gente acaba esquecendo.

Penso no desejo - ou no coração, para quem prefere uma imagem mais romântica - como um velho tronco de árvore onde vamos gravando nomes com um estilete. As inscrições superficiais, aquelas que não passam da casca, somem com o tempo e as intempéries. Mas as marcas profundas, que atingem o lenho, que derramam seiva ao serem feitas, essas permanecem ali até o fim. Verdadeiras cicatrizes.

Cada pessoa que amamos passa a ser parte do que somos. Sou o que sou, hoje, porque amei as pessoas que amei. Cada uma delas deixou sua marca indelével, o que significa que, a cada vez que amo novamente, revivo tudo o que aconteceu antes.

Contardo Calligaris diz que, no fundo, estamos sempre reencenando o amor primeiro, o amor da mãe, ou até mesmo um amor anterior a ele. Pode ser, e isso só corrobora a idéia de que não há como apagar o desejo. Ele se perpetua e se renova, mas as marcas permanecem.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sabe a musiquinha que eu cantei hoje pra você?

Pois bem. Resume tudo! xD

Um beijão!

P.S.: juro que faço um comentário mais decente amanhã. Hoje tá muito, muito frio e todos os meus (poucos) neurônios estão recusando trabalhar.

Anônimo disse...

eu nunca deixei de amar ninguem que jah amei...