sexta-feira, 6 de junho de 2008

Borboletas no Estômago

Outro dia, uma amiga me disse que vinha ler meu blog, e parecia que havia borboletas amarelas* voando da tela. Claro, isso era uma metáfora, e me fez pensar sobre o assunto.

Nos últimos meses, vi minha vida mudar radicalmente. Não apenas no aspecto objetivo, mas, principalmente, no subjetivo: o que sinto, o que penso, a forma como vejo o mundo. Há quem diga que isso tem relação com o meu segredinho (e tem!), mas sei que é mais do que isso.

Existem momentos em que é preciso crescer. Em que é preciso assumir responsabilidades, fazer escolhas, tomar as rédeas da própria vida. Meu analista de família (sim, eu faço terapia de família com meus tios e primos do lado do meu pai, e devo dizer que tem sido muito proveitoso) costuma chamar isso de "momentos mágicos".

Que de mágicos não têm nada. São absolutamente doloridos e trabalhosos. Momentos de viver um luto, em geral, seja o luto físico de uma perda, seja o luto pela escolha não-feita (porque toda escolha implica uma perda, e nós vivemos o luto do que não escolhemos). São as horas de olhar para dentro, e encarar de frente todos aqueles cantos escuros.

Sou cheia de cantos escuros. Exponho para o mundo meu lindo lado ensolarado, e guardo comigo as tantas obscuridades que me compõem. Os medos, os desejos obscuros, as pulsões inconfessáveis. O lado escuro que todas as pessoas têm, e que a minha antiga analista (pois é, eu também já fiz análise individual...) preferia chamar de "incontrolável".

A razão pela qual as borboletas parecem voar da tela do meu blog, além do enlevo, possivelmente tenha muito a ver com o fato de que eu venho processando, nos últimos tempos, uma série de lutos. Os óbvios e os não-óbvios. E, com isso, venho sentindo as borboletas no meu estômago se agitarem, numa ansiedade pela vida que estou construindo, pela pessoa que estou me tornando, pelas escolhas que se aproximam.

Meu momento mágico vem sendo trabalhado com algum custo, e, para minha alegria, com muitas boas descobertas no processo - e algumas, nem tanto. Talvez as borboletas sejam simplesmente o retrato da metamorfose lenta e cuidadosa que vem se processando dentro desse meu casulo.



* Não é isso, Rosa?

7 comentários:

Anônimo disse...

As borboletas eram amarelas!
:)

Unknown disse...

qual o segredo, me conta.
prometo não dizer a ninguém.

F. Gomes disse...

Pelo que tenho visto, moça linda, seu lado ensolarado é um belo dia de chuva, e suas obscuridades cintilam, de leve. Consigo imaginar muito bem que tipo de bicho lindo vai aparecer quando acabar essa fase de pupa.

Beijos.

Shhhhhhh.... I told ya!

Anônimo disse...

Ai, ai, eu já disse isso, mas vou repetir:

De vez em quando dá até nojinho de te ler! HAIUEHAEIUHAIUEHAUHE

E, bem, eu acho que esse foi mais um daqueles meus posts desaforados, né?! :O

No fundo, o que importa mesmo pra mim é essa sua felicidade contagiante.

E acredite, chefia, é muito bom te ver assim! Muito!

Beeeeijo.

P.S.: eu ia enrolar aqui falando, mas eu preciso sair pra estudar. Sabe como é, né?! Tô procrastinando...

Mondo Gatto disse...

Ahhh... linda comparação! Fiquei até imaginando: pessoas verdadeiras, ensolaradas e em evolução com borboletas lindas prontas para conquistar o mundo. Mas tem também aqueles sombrios, perversos... aí seriam larvas gomentas??? Eca... melhor parar nas pessoas boas mesmo.
Adorei! Como sempre! ;)
Bom fds.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Faz tempo que não passo por aqui, mas sempre que passo, saio feliz. Já te falei que adoro ler o que você escreve? Não sei se a realidade se confunde com o sonho, ou se o sonho é uma realidade. Sinceramente acho que esse blog renderia um belo livro de reflexões! Beijos, Malu